doença infecciosa

8 animais testam positivo em inquérito sorológico da prefeitura sobre leishmaniose

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Foto: João Vilnei (Prefeitura de Santa Maria)

Depois do registro da morte de um paciente com leishmaniose visceral no mês de abril, a Vigilância em Saúde de Santa Maria realizou um inquérito sorológico canino. O objetivo foi realizar uma busca ativa, com testagem de animais, no Bairro Divina Providência, na Região Norte, onde a vítima, de 58 anos, que estava em situação de rua, costumava transitar. Oito animais testaram positivos durante o inquérito. Em seres humanos, pela primeira vez na história, foram registrados dois casos de leishmaniose visceral em 2021, sendo um deles um óbito.

De acordo com informações da Secretaria de Comunicação da prefeitura, foram coletadas amostras de 108 animais, em 32 residências que estão em um raio de 150 metros de onde a vítima morava, no Bairro Divina Providência.

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Os proprietários que participaram do inquérito recebem o resultado (laudo laboratorial) dos testes rápidos, que são realizados pela Vigilância Ambiental em Saúde, e, também, os resultados enviados pelo Laboratório Central do Estado (Lacen-RS). Nos casos em que há confirmação da doença, é lavrada uma notificação para que o proprietário decida em até cinco dias se vai realizar o tratamento ou vai optar pela eutanásia. Todos os oito animais que testaram positivo estão em tratamento para a doença. A Vigilância Ambiental em Saúde segue monitorando os casos positivos e investigando novos casos suspeitos que são notificados.

A leishmaniose é transmitida pela picada de um inseto conhecido como mosquito-palha e atinge principalmente cães, mas o inseto também pode picar humanos. A doença não é transmitida diretamente de uma pessoa para outra, nem dos cães para os humanos. 

CASOS EM 2021
Desde o início do ano, a prefeitura informou que foram realizadas 242 coletas pela equipe da Vigilância em Saúde em 86 residências. Dessas coletas, 20 animais testaram positivo. Além disso, 8 amostras aguardam retorno do Lacen. Os outros 206 animais testaram negativo.

Porém, se contabilizados os casos diagnosticados em clínicas veterinárias particulares, esse número tende a ser ainda maior. A estimativa é de que 73 casos já tenham sido notificados por veterinários durante 2021. De acordo com a médica veterinária Karina Gonzalez Fernandes Real Dotto, que atua na Sr. Campo Agropecuária, há ainda casos de subnotificação, já que alguns tutores não levam os animais para fazer o diagnóstico.

- Conversando com colegas e com a própria Vigilância, constatamos que nos últimos dois anos cresceu bastante o número de casos. Acredito que se deva à proliferação dos insetos, que são os vetores da leishmaniose. Eles têm uma capacidade de adaptação a espaços centrais, com pouca disponibilidade de matéria orgânica. Eles conseguiram fazer essa adaptação para sobreviver - destaca.

Além de oferecer o tratamento com medicamentos, o uso de coleiras repelentes também previne e evita que os cães que convivem com a doença sejam vetores de transmissão. Há, ainda, uma vacina disponível para os animais, que pode ser usada como medida de prevenção combinada com outras ações, como o uso da coleira.

- A leishmaniose não tem cura. O animal vai ser portador da leishmaniose a vida toda. Mas, com medicação, podemos reduzir a carga parasitária para níveis bem baixos. As medidas preventivas, como coleiras, também são necessárias para os animais identificados com a leishmaniose - explica a médica veterinária.

Em Santa Maria, segundo dados da prefeitura, o primeiro caso autóctone foi identificado em 2017 em um cão considerado idoso, de 8 anos. Na época, a tutora optou por tratá-lo. Naquele ano, dos 97 animais testados, 22 foram diagnosticados, o que possibilitou a caracterização do município como área de transmissão. Entre 2017 e 2020, 116 casos de leishmaniose foram confirmados em cães.


O QUE É?

  • É uma doença infecciosa sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, aumento do fígado e do baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular, anemia e outras manifestações. A leishmaniose afeta tanto os cães quanto os seres humanos

COMO É A TRANSMISSÃO

  • Ocorre tanto em animais quanto em humanos
  • A transmissão acontece por meio da picada de insetos conhecidos popularmente como mosquito-palha. Esses insetos são pequenos e têm como características a coloração amarelada ou de cor palha e, em posição de repouso, suas asas permanecem eretas e semiabertas. A transmissão acontece quando fêmeas infectadas picam cães ou outros animais infectados e, depois, picam o homem, transmitindo o protozoário Leishmania chagasi, causador da leishmaniose visceral.

SINTOMAS

Em humanos

  • Febre por mais de duas semanas
  • Palidez, fraqueza, perda de apetite, emagrecimento, anemia e aumento do baço e do fígado também são sintomas comuns

Nos animais

  • Crescimento abrupto das unhas
  • Perda de pelo
  • Emagrecimento rápido
  • Inchaço das patas
  • Feridas (úlceras) nas orelhas, em volta dos olhos e na região da boca

PREVENÇÃO

  • Limpeza periódica dos quintais e retirada de matéria orgânica em decomposição (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos que favoreçam a umidade do solo, locais onde os mosquitos se desenvolvem)
  • Destino adequado do lixo orgânico, a fim de impedir o desenvolvimento das larvas dos mosquitos
  • Limpeza dos abrigos de animais
  • Para os moradores das regiões com risco de transmissão, recomenda-se a colocação de telas em janelas e portas da residência, para evitar a entrada de mosquitos na casa
  • Usar repelente, principalmente ao anoitecer e ao amanhecer, horário em que o mosquito-palha costuma voar
  • Para os animais, recomenda-se o uso de coleiras contra a leishmaniose (varia de R$ 60 a R$ 300, dependendo da marca e do tempo de duração, e tem de 80% a 85% de eficácia) e também a castração das fêmeas, já que o animal infectado transmite para o filhote a doença pelo sangue
  • Comunicar a Secretaria Municipal de Saúde caso o animal esteja infectado pelo telefone (55) 3921-7158. Os proprietários que desconfiarem dos sinais clínicos de seus cães, ou seja, quando ainda não houver confirmação, devem procurar um serviço veterinário privado

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